1ª Edição - esta obra nunca foi reeditada, mas constará de Antologias da obra do autor. Tiragem de 1.000 exemplares. Obra inserida na Colecção «Ilhas» das Edições Rolim. Capa de João Carlos Albernaz. Obra ilustrada com 3 Extra-textos de Jorge Martins, a preto e branco. Nesta obra, que venceu o "Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia" em 1987, estão incluídos 39 poemas.
Nuno Júdice foi um Poeta, Ensaísta, Ficcionista e Professor do Ensino Secundário e Universitário Português, nascido em Portimão, e que fez uma Licenciatura em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo feito o Doutoramento na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma Dissertação sobre Literatura Medieval - foi Professor do Ensino Secundário entre 1992 e 1997 e Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa desde 1989 até à sua Aposentação como Professor Associado, em 2015. Publicou o primeiro livro de poesia em 1972, "A Noção de Poema" e a primeira obra de ficção em 1977, "Última Palavra: «Sim»," com uma extensa bibliografia nestas áreas, a que se somam Ensaios Críticos/Literários, Teatro e a organização de Antologias (destacam-se a "Poesia do Futurismo Português" e a edição crítica dos "Sonetos" de Antero de Quental) - teve uma colaboração regular em jornais e revistas, com críticas de livros e crónicas, publicou um livro de divulgação da Literatura Portuguesa do Século XX em França e foi Director da revista literária «Tabacaria» (1996-2009), editada pela Casa Fernando Pessoa e da revista «Colóquio-Letras», da Fundação Calouste Gulbenkian, desde 2009. A par da obra literária, onde recebeu os mais importantes Prémios, trabalhou intensamente em prol da Cultura e da Divulgação Cultural, tendo sido Comissário para a «Área da Literatura da Representação Portuguesa» à "49.ª Feira do Livro de Frankfurt" (1997), Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal (1997-2004), Director do Instituto Camões em Paris (1997-2004) e tendo organizado a "Semana Europeia da Poesia" no âmbito da «Lisboa '94 - Capital Europeia da Cultura». Com obras traduzidas em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra, França, México, Irão, China, Albânia, Suécia, Dinamarca, Grécia, Marrocos, Líbano, Colômbia, Canadá e na República Checa, foi uma das mais representativas vozes no panorama poético de Portugal a partir da década de 1970.
Capas de brochura com vincos nos cantos e com picos de acidez e de sujidade. Lombada com pequenos vincos e com picos de acidez e sujidade. Interior das capas de brochura e badanas com vincos nos cantos e com leves picos de acidez. Miolo e extremidades levemente escurecidos, com ocasionais picos de acidez.
"Há mulheres mortas nas árvores do cais. Ensinei-as
a escrever poemas: e elas pendem dos ramos...
Meto-lhes os dedos nos orifícios do corpo - os ouvidos, o nariz, a boca, o sexo
- e tiro-os cheios de pus, de sangue podre, de restos de algodão. Por dentro,
elas falam-me numa voz marítima, cujo sentido surge e desaparece
no ritmo das marés loucas de Setembro...
E o horizonte abre-se-me na continuação das conchas vermelhas
do crepúsculo. Deus é um coral queimado pelo rumor monótono
dos ventos...
Cuspi um êxtase celeste no tropel dos evangelhos.
«- Conhecíeis o fim da história, o alucinado
incêndio das vésperas? A corrupção dos sinos na memória?» - nuvens
inabaláveis no céu da frase."
("Salmo" - página 51)