1ª Edição - esta obra nunca foi reeditada. Tiragem de 5.000 exemplares. Com rubrica de posse a tinta azul no anterrosto. Com uma "Introdução" de António Madeira Santos. Capa e ilustrações de Henrique Mourato. Ilustrado em extra-texto com 3 desenhos a preto e branco, sobre papel couché.
Nesta obra, dedicada pelo autor à mulher aos 5 filhos, este foi interpelado por Edgar Rodrigues, figura importante do movimento Anarquista Luso-Brasileiro, para responder a um Inquérito com 75 quesitos, aos quais respondeu a 22/11/1972, sendo essa a base deste livro, que começou por ser um trabalho que o autor inicialmente nem tinha intenção de publicar - aproveitou, então, essas "Notas" para fazer as suas Memórias, onde descreve para além da sua experiência pessoal, as relações dos Comunistas e dos Anarquistas e descreve em pormenor a organização prisional no Campo de Concentração do Tarrafal, bem como a vida dos Presos, Resistentes ao Regime Ditatorial, fazendo ainda relatos sobre a Clandestinidade, as Prisões e a violência do Regime Salazarista.
O seu amigo António Madeira Santos, escritor à época, na "Introdução," a 20 de Maio de 1975, refere qual o motivo para se recusar a escrever um Prefácio para este livro, que ainda não tinha lido - "Que poderei dizer sobre um homem que aos 14 anos, idade de ser menino e brincar, trabalha como homem e começa a sua luta por uma Sociedade mais justa e humana?... Sei que, aos 68 anos de idade, vem contar ao povo seu amigo episódios vividos por si. Para dizer o que lutou, sofreu e sonhou. Sonhos de Liberdade do seu povo real... O seu livro, meu caro Correia Pires, foi, afinal, a vida que o escreveu. Você foi, apenas, um irmão que sofreu e lutou pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade." (em "Introdução" - páginas 10-11). O autor teve uma vida que o levou a 13 anos no Exílio, na Clandestinidade, nas Prisões e no Tarrafal - esteve preso cerca de 8 ou 9 anos no Tarrafal.
Correia Pires foi um Publicista, Libertário e Carpinteiro Português, que desde novo aderiu à orientação Revolucionária da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e à ideologia Anarquista e, ainda jovem, entrou nas «Juventudes Sindicalistas», lutando até ser preso em 1932, cumprindo pena na Prisão do Aljube de Lisboa - depois de libertado, voltou à luta e participou na «Revolta de 18 de Janeiro de 1934», vendo-se obrigado a exilar-se em Espanha, onde chega clandestinamente. Foi opositor ao Regime Salazarista e foi preso em 1936, enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde permaneceu cerca de 8 ou 9 anos, acabando por ser devolvido à liberdade, sem julgamento, em 1945.
Depois de solto, continuou a actividade contra o Regime, integrando o Comité de Acção Especial Anarquista e o Comité Confederal, passou a viver em Almada, onde desenvolveu uma intensa actividade Associativa, nomeadamente na “Cooperativa Piedense” e na “Incrível Almadense,” da qual foi Presidente da Mesa da Assembleia-Geral - após o 25 de Abril de 1974, uniu-se aos seus Companheiros e publicou o jornal «A Batalha», mais tarde, fundando o jornal «Voz Anarquista», onde colaborou até morrer em Novembro de 1976. Publicou ainda, "A Revolução Social e a Sua Interpretação Anarquista" (1975).
Capas de brochura com desgaste junto da lombada e das margens, com sinais de manuseamento e com leves picos de acidez e sujidade. Lombada vincada e com algumas faltas de papel. Interior das capas de brochura com leves picos de acidez e sujidade. Miolo e extremidades levemente escurecidos, com picos de acidez e humidade.